![]() |
Londres – Na tumultuada Conferência do Clima em Copenhague (Leia especial), a então ministra de Energia e Mudanças Climáticas da Dinamarca, Connie Hedegaard, foi uma das vozes mais eloquentes na defesa por metas ambiciosas de redução de efeito estufa. Seus apelos, como se sabe, não foram ouvidos, mas ela não parece ter abandonado a luta. Desde de fevereiro, tornou-se Comissária para Ação Climática da União Européia e sua principal bandeira e aprofundar o compromisso do bloco com uma economia de baixo carbono.
Em palestra promovida pelo Instituto Internacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED), nesta terça (11), em Londres, Connie anunciou que até o fim de maio soltará um comunicado em Bruxelas, sede da UE, em que vai detalhar as razões pelas quais os países membros devem aceitar um nova diretiva que estabeleça uma meta de 30% de redução de emissões até 2020 e não 20%, como atualmente está acordado.
O argumento de Connie é que a Europa corre sério risco de ficar para trás se não investir mais em inovações em energia. Ela conta que está surpresa com o avanço nas grandes economias emergentes como China, Índia e Brasil e que, no médio prazo, o velho continente passaria a perder empregos e riqueza para os países em desenvolvimento. “O que vamos colocar é: do que viverá a Europa se não investir em inovação?”, disse a Comissária em coletiva de imprensa após sua apresentação.
De acordo com ela, um dos principais problemas é a falta de incentivo aos empreendedores. Hoje, afirmou, é mais fácil comprar créditos de carbono no mercado europeu do que investir em tecnologias limpas. “Com atual crise econômica na Europa houve uma redução de emissões e isso deixou muitos setores com folga para emitir nos próximos anos, baixando assim o preço do carbono”, explicou. Nos cálculos que apresentará à Comissão Européia, Connie sustentará que o atual patamar da tonelada de carbono – 16 euros – não é viável para gerar inovação. Algo na faixa de 30 euros por tonelada seria o ideal.
Outro dado interessante que surgirá no comunicado da dinamarquesa será o custo de implementação da meta de 30% de redução até 2020. Com a crise econômica, ela diz, é possível com mais 10 bilhões de euros aumentar o corte de 20% nas emissões em 10 pontos percentuais. Atualmente, o custo do investimento previsto é de 71 bilhões de euros até 2020. (Gustavo Faleiros)
Leia também
Emissões de metano continuam subindo no mundo, mostra estudo
Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente clama por mais ambição para que países cumpram a meta de reduzir emissões de CH4 em 30% até 2030 →
Otimismo sobre centralidade do oceano na COP30 precisa chegar às políticas climáticas
Especialistas alertam que, apesar do avanço nos discursos em Belém, a centralidade do oceano ainda precisa se refletir nas decisões que definirão o rumo da ação climática global →
Governo e ongs garantem US$ 120 mi para UCs com povos tradicionais na Amazônia
Nova fase de programa lançado há 23 anos atuará no fortalecimento de 60 áreas protegidas, federais e estaduais →





