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Desmatamento recorde em abril expõe política de terra arrasada do governo Bolsonaro

Sem fiscalização, alertas de desmatamento do INPE apontam que 580 quilômetros quadrados de área de floresta desapareceram em abril

Daniele Bragança ·
9 de maio de 2021 · 3 anos atrás
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Com a paralisação da fiscalização ambiental, o ritmo de desmatamento na Amazônia se mantém lá em cima. Na sexta-feira, saíram os dados de alerta do Sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), referentes ao mês de abril. Até o dia 29, 580 quilômetros quadrados foram desmatados na Amazônia Legal, um aumento de  43% em relação ao mesmo mês em 2020, que registrou cerca de 406 km² de desmate. O número é o recorde para o mês da série do sistema Deter-B, iniciada em 2015. 

O município que teve a área mais desmatada em abril foi Apuí, no Amazonas, com 68 km² devastados, seguido de Altamira, no Pará, com 65 km² e Novo Progresso, também no Pará, com 50 km².

Em negociação com o governo americano, antes da Cúpula do Clima, Salles prometeu que conseguiria diminuir o desmatamento em até 40% se – e apenas se – o governo americano doasse 1 bilhão de dólares, ou seja, que o país teria como meta após um ano chegar a 6.653 km² desmatados. Em 2011, o desmatamento anual foi de 6.418 km². A negociação não foi para a frente após pressão das organizações da sociedade civil.

Há três semanas, o governo mudou de novo as regras de fiscalização ambiental e paralisou o trabalho dos fiscais do Ibama e ICMBio em todo país. Na quinta-feira (06), um fiscal do Ibama não conseguiu acessar seu computador após escrever uma nota técnica expondo ineficiência do atual sistema de multas do órgão.

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 6

  1. Quase ex-leitor diz:

    A repórter fala que a fiscalização parou. Quando se clica no link pra saber o porquê da afirmação, aparece a reportagem da Instrução Normativa. Só que não sei se a cidadã esqueceu, não quis pesquisar ou age de má fé, mas a norma já foi modificada de novo recentemente e justamente essa parte da autorização para fiscalizar.


    1. A repórter está ciente da INC 2, que não muda os problemas que foram incluídos na INC 1 nos problemas de fiscalização. E, por isso, mantém o conteúdo do que escreveu.


  2. Estela Buztamante diz:

    Amei as dicas, com certeza vou usar! Adoro fazer trilhas, acampar e estar em contato com a natureza. Estava lendo este artigo que fala sobre o aumento do preço dos alimentos e a qualidade da nossa alimentação, acho uma dica valida https://ac24horas.com/2021/05/03/aumento-dos-precos-prejudica-qualidade-da-alimentacao/ Até mesmo para montar pequenas dietas vale a pena pesquisar, eu tenho sempre visto o Porta Folhetos para ajudar a fazer compras mais assertivas. Já estou ansiosa para colocar as dicas de vocês em prática e sair para o próximo destino!


  3. Carlos Magalhaes diz:

    Enquanto não se dizer, a cada vez que se escreve a palavra “desmatamento”, se ele é legal ou ilegal, noticias e matérias como esta ficam praticamente inúteis. Como saber, por exemplo, se a derrubada na foto que abre esta matéria (Apuí) é legal e autorizada ou não?


    1. Carlos, o satélite não compara os dados com as autorizações emitidas pelos órgãos ambientais, só o corte de floresta. Mas há pesquisas que apontam, com base em amostragem, que chega a 99% de desmatamento ilegal.

      https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2020/05/24/relatorio-inedito-mostra-que-99percent-do-desmatamento-feito-no-brasil-em-2019-foi-ilegal.ghtml