Reportagens

Economia verde é retorno garantido

Segundo ONU, se nações concentrarem 2% de seu PIB em investimentos verdes, retorno “será pago em empregos, ar puro e uso de energia.

Fiona Harvey ·
21 de fevereiro de 2011 · 13 anos atrás

Do Guardian

Linha de montagem de turbinas eólicas em Suape (PE) (foto: divulgação/IMPSA)
Linha de montagem de turbinas eólicas em Suape (PE) (foto: divulgação/IMPSA)
As Nações Unidas pediram nesta segunda-feira que 2% dos PIB mundial seja investido na economia verde, uma decisão que ela diz ser capaz de estimular a criação de empregos e o crescimento econômico.

O relatório deve ser acompanhado por declarações de apoio a investimentos em baixo carbono de vários chefes de estado, incluindo Barack Obama, dos EUA, Hu Jintao, da China e vários presidentes de empresas multinacionais.

De acordo com o que se espera do relatório da ONU, um investimento de 2% do PIB mundial mais do que se pagaria na forma de milhões de novos empregos, no desenvolvimento de novas indústrias, benefícios para a saúde decorrentes do ar mais limpo, economia com energias mais eficientes e a redução nas emissões de gases do efeito estufa.

Veja aqui o relatório completo

Esses dados também são corroborados por um relatório publicado hoje pelo governo alemão, alertando que a Europa irá sofrer com seguidas taxas baixas de crescimento a não ser que se aumente o investimento em projetos verdes. Aumentar o nível de ambição nas metas climáticas da União Europeia aumentaria o PIB europeu em mais de 842 bilhões de dólares, um crescimento de 6%, e criaria até 6 milhões de empregos em todos os países membros.

De acordo com a ONU, o mundo se encontra em um momento crítico em termos de investimento em baixo carbono. Enquanto a Índia tem um plano nacional de ação que pretende estimular 1 trilhão de dólares em investimentos na próxima década e a China – atualmente já uma das maiores produtoras de painéis solares e de energia eólica  - está implementando um plano de cinco anos visando uma “revolução limpa” , as outras economias estão hesitando.

Nos EUA, investimentos em energias renováveis estão estagnados.  Uma análise do HSBC aponta que os planos do Partido Republicano neste momento no Congresso irão reduzir pela metade os gastos do governo federal com projetos de baixo carbono, incluindo ferrovias de alta velocidade, regulamentação de carbono e contribuições para fundos internacionais para o clima. Planos apresentados pelo presidente Obama, por outro lado, oferecem um aumento de 20% nos investimentos no clima e em energia limpa em relação aos níveis de 2010, pagos pela rescisão de 4 bilhões de dólares em subsídios e pesquisa em combustíveis fósseis.

Nick Robins, chefe do departamento de mudanças climáticas do HSBC , disse: “Nós esperamos que as negociações sejam complicadas para diminuir este abismo existente entre as prioridades orçamentárias do presidente e do Congresso… Apesar de não acreditarmos que todos os cortes propostos sejam feitos, iniciativas climáticas importantes parecem estar sendo definidas.”

Na União Europeia, políticos, ativistas e empresários verdes estão divididos quanto a adotar metas climáticas mais ambiciosas. Vários países, incluindo os Reino Unido, querem endurecer os atuais objetivos de cortar emissões em 20% até 2020 para um corte de 30% até o mesmo ano, argumentando que uma meta mais agressiva irá criar mais empregos e permitir que a União Europeia possa manter o mesmo ritmo da China na corrida pelo liderança na economia verde. Sua posição foi reforçada por uma análise confidencial da Comissão Europeia a qual o Guardian teve acesso, mostrando que se tais políticas forem adotadas, a União Europeia vai confortavelmente exceder sua meta atual, com uma queda de 25% nas emissões até 2020.

O relatório do Ministério do Meio Ambiente alemão, ao qual o Guardian também teve acesso, reforça esta posição, concluindo que a atual meta de 20% “tornou-se muito fraca para mobilizar inovações”. Ater-se a ela, segundo o autor, “é o equivalente a cavar mais fundo enquanto ainda se está dentro do buraco”, enquanto a meta de 30% é não apenas realista mas também “economicamente benéfica”.

No Reino Unido, um grupo de líderes empresariais irão se unir para pedir que o ministro George Osborne inclua medidas para estimular o desenvolvimento de baixo carbono em seu orçamento de março. Peter Young, presidente do Aldersgate Group, disse: “O ministro prometeu um orçamento voltado para o crescimento, mas acreditamos que ele deve ser para o crescimento verde. O Reino Unido precisa de uma estratégia explícita para se aproveitar da mudança global para a economia verde, incentivando a criação de empregos e as exportações. Cortes isolados não significam uma economia competitiva.”

* Artigo publicado como parte do Guardian Environment Network

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